Ensurdecedor

Perdido num espaço agrilhoado, o Filósofo desconhece a sua identidade e a sua história. Gradualmente intenta buscar esse conhecimento que lhe aparece fragmentado no tempo. Todo o seu percurso é preenchido de esparsos momentos de memória, revelações de amor e perda. A partir do instante em que se delineia o seu objectivo, o caminho deste homem, um professor catedrático de Filosofia, torna-se recheado de peripécias e encontros significativos onde a profundidade e riqueza de sentimentos e de pensamentos comandam o trilho existencial e real desta personagem até ao fim de si mesmo, o encontrar-se como pessoa. Nessa sua estrada que é a vida, deambula por entre díspares cenários, desde os seus Pijamados aos meandros do mundo dos sem-abrigo. A panóplia de personagens desfila numa aparente amálgama de designações que "... me pareceram falas retiradas de um teatrinho infantil. Sentia-me num palco de fantasia onde os cognomes representavam personagens reais." Nomes como Poeta, Sábio, Esmolas... São efectivamente seres humanos que encaminham o Filósofo na sua procura por si mesmo. Esta história, enriquecida a poesia e a traços filosóficos, podia ser a de cada um de nós e desvenda a incongruência de preconceitos, a importância da amizade, a beleza do verdadeiro amor familiar. Todo o livro é um cortejo humanizado. Um hino de esplendor ao ser humano naquilo que este tem de mais belo, as suas fragilidades e inaptidões, as suas expectativas e desilusões, os seus erros e o poder do seu perdão, imperfeições inerentes ao Homem, e que o tornam tão humano. A Esperança resgata aqui a dor e o desalento. O amor e a Fé são irmãos de mãos dadas no debelar das feridas. "A vida, já o sabia, enredava-se, mas o amor desenredava-a."